RESENHA:
O texto Ler na tela – letramento e novos suportes de leitura e escrita, de Ana Elisa Ribeiro, publicado no livro Letramento Digital – Aspectos sociais e possibilidades pedagógicas, de Carla Viana Coscarelli, apresenta um tema bastante atual, a leitura nas telas, como eixo de discussão.
A autora refere-se às mudanças que historicamente vêm permeando as práticas de leitura, escrita e seus suportes. E, como todo processo de mudança implica incômodo e insegurança para alguns e otimismo exagerado para outros, a autora propõe que tomemos uma postura reflexiva ante às novidades tecnológicas para que possamos vislumbrar tais inovações, principalmente no que tange às práticas de leitura e de escrita sem, contudo, adotarmos posições extremistas.
Ao revisarmos a história da leitura, dos suportes e das tecnologias de ler e escrever, podemos obter esclarecimentos importantes que tornam mais nítidos os contornos dos acontecimentos atuais com relação às tecnologias como o computador e a Internet, como sugere a autora.
Em seu texto, a autora, ressalta a necessidade de o leitor ampliar o nível de letramento digital a fim de que possa se apropriar dos novos suportes e dos novos recursos de apresentação para a escrita/leitura com versatilidade.
Considerando a escrita uma tecnologia de registro de som, a autora postula que ela – a escrita alfabética – precisa ser aprendida e ter sua técnica desenvolvida e aperfeiçoada pelo leitor. Em contrapartida, a leitura é considerada como uma tecnologia adquirida e desenvolvida pelo homem para decodificar e compreender textos intimamente relacionados ao suporte em que se encontra.
Entretanto, a autora evidencia que cada texto, para ser compreendido e interpretado, depende de um aparato que o torne legível. Assim, o leitor, além de ser apto a decifrar o sistema alfabético, contribui para o tecido textual, ativando conhecimentos de sua memória, de tudo o que tenha lido e o vivido, a fim de atribuir sentido aos textos. Ao se deparar com cada gênero textual, cada suporte, o leitor atualiza em sua memória conhecimentos que lhe facultam a percepção do que lê, do que porta, do que tem em mãos e do que vê.
Há, no texto de Ribeiro (2005), a constatação de que tanto as ferramentas de ler e escrever, quanto os suportes mudam com o passar do tempo, devido ao desenvolvimento dos recursos. Segundo a autora, “a prática do leitor fornece subsídios para que os produtores de material escrito e/ou dispositivo para leitura possam repensar, reprojetar e reinventar materiais e recursos, de acordo com a demanda constante do leitor, que busca conforto, eficiência, eficácia, portabilidade e compreensibilidade”.
Através de uma pesquisa histórica, a autora comprova que essas mudanças não representam inovações bruscas, tampouco acarretam prejuízos no qualidade da leitura e/ou da escrita. Essas mudanças, decorrentes das inovações tecnológicas, sempre existiram no âmbito da leitura, escrita e seus suportes. Como ocorreu com o papiro que, com o passar do tempo, cedeu espaço ao pergaminho, que, por conseguinte, perdeu espaço para o códex. E como o estilete e as tabuletas de cera, que deram lugar à pena, que, também cederam espaço à caneta esferográfica.
Essas mudanças, certamente implicaram certo desconforto à sociedade da época. De acordo com Ribeiro (2005), “talvez um mal-estar semelhante ao que sentimos hoje, ao aprender a lidar com a tela”. Todavia, essas novas formas de ler, conforme a autora, “são apenas novas possibilidades para algo que já se fazia e já se fez na história das interfaces de leitura, interfaces homem/objeto de leitura”. Exemplo disso é o hipertexto, que já era utilizado no códice, sob a forma de comentários e notas laterais que contribuíam no sentido de agregar informações aos textos.
A mudança observada por Ribeiro(2005) nesse processo de ler e editar livros, consiste na velocidade e na agilidade com que se chega ao produto, o livro. A autora ressalta que “o computador surgiu, no séc.XX, para alterar parte dos processos e aumentar a velocidade e a eficiência dos trabalhos.” Assim, no lugar do códex impresso, portador de texto, surge uma “janela semelhante à televisão, de onde se pode mirar o texto, alterá-lo, copiá-lo, transferi-lo de lugar, sem, no entanto, ter acesso à sua materialidade, exceto se se considerar a tela como o suporte de um texto virtual, provável, possível ao toque de um botão (ctrl + p).”
Essa mudança no âmbito da escrita e seus suportes, assinala Ribeiro (2005), implica uma nova postura do leitor ante o texto. Agora, o leitor passa a ter também a opção de ler na tela do computador. E, esse leitor conseguirá aprimorar suas habilidades de ler/ compreender textos à medida que praticar a leitura, que ampliar o seu letramento digital. Dessa maneira, o leitor será capaz de reconhecer características do velho texto no novo objeto, “trata-se de uma questão de adequação ao novo suporte, ao novo objeto de ler, e o novo objeto vai sendo refinado e projetado de acordo com as demandas do leitor.
A autora conclui a sua pesquisa, propondo que embora possa assustar alguns leitores menos dispostos, essas inovações tecnológicas guardam características de suas predecessoras. Portanto, o leitor não precisa, necessariamente, começar do zero ao lidar com um novo recurso, uma nova tecnologia. Exemplo disso é o texto em tela que, semelhante ao livro, “pode ser paginado, mantém o desenho de uma folha, simula o formato das letras que são usadas nos impressos, assim como obedece a ferramentas de busca como índices e links”.
O texto Ler na tela – letramento e novos suportes de leitura e escrita, de Ana Elisa Ribeiro, publicado no livro Letramento Digital – Aspectos sociais e possibilidades pedagógicas, de Carla Viana Coscarelli, apresenta um tema bastante atual, a leitura nas telas, como eixo de discussão.
A autora refere-se às mudanças que historicamente vêm permeando as práticas de leitura, escrita e seus suportes. E, como todo processo de mudança implica incômodo e insegurança para alguns e otimismo exagerado para outros, a autora propõe que tomemos uma postura reflexiva ante às novidades tecnológicas para que possamos vislumbrar tais inovações, principalmente no que tange às práticas de leitura e de escrita sem, contudo, adotarmos posições extremistas.
Ao revisarmos a história da leitura, dos suportes e das tecnologias de ler e escrever, podemos obter esclarecimentos importantes que tornam mais nítidos os contornos dos acontecimentos atuais com relação às tecnologias como o computador e a Internet, como sugere a autora.
Em seu texto, a autora, ressalta a necessidade de o leitor ampliar o nível de letramento digital a fim de que possa se apropriar dos novos suportes e dos novos recursos de apresentação para a escrita/leitura com versatilidade.
Considerando a escrita uma tecnologia de registro de som, a autora postula que ela – a escrita alfabética – precisa ser aprendida e ter sua técnica desenvolvida e aperfeiçoada pelo leitor. Em contrapartida, a leitura é considerada como uma tecnologia adquirida e desenvolvida pelo homem para decodificar e compreender textos intimamente relacionados ao suporte em que se encontra.
Entretanto, a autora evidencia que cada texto, para ser compreendido e interpretado, depende de um aparato que o torne legível. Assim, o leitor, além de ser apto a decifrar o sistema alfabético, contribui para o tecido textual, ativando conhecimentos de sua memória, de tudo o que tenha lido e o vivido, a fim de atribuir sentido aos textos. Ao se deparar com cada gênero textual, cada suporte, o leitor atualiza em sua memória conhecimentos que lhe facultam a percepção do que lê, do que porta, do que tem em mãos e do que vê.
Há, no texto de Ribeiro (2005), a constatação de que tanto as ferramentas de ler e escrever, quanto os suportes mudam com o passar do tempo, devido ao desenvolvimento dos recursos. Segundo a autora, “a prática do leitor fornece subsídios para que os produtores de material escrito e/ou dispositivo para leitura possam repensar, reprojetar e reinventar materiais e recursos, de acordo com a demanda constante do leitor, que busca conforto, eficiência, eficácia, portabilidade e compreensibilidade”.
Através de uma pesquisa histórica, a autora comprova que essas mudanças não representam inovações bruscas, tampouco acarretam prejuízos no qualidade da leitura e/ou da escrita. Essas mudanças, decorrentes das inovações tecnológicas, sempre existiram no âmbito da leitura, escrita e seus suportes. Como ocorreu com o papiro que, com o passar do tempo, cedeu espaço ao pergaminho, que, por conseguinte, perdeu espaço para o códex. E como o estilete e as tabuletas de cera, que deram lugar à pena, que, também cederam espaço à caneta esferográfica.
Essas mudanças, certamente implicaram certo desconforto à sociedade da época. De acordo com Ribeiro (2005), “talvez um mal-estar semelhante ao que sentimos hoje, ao aprender a lidar com a tela”. Todavia, essas novas formas de ler, conforme a autora, “são apenas novas possibilidades para algo que já se fazia e já se fez na história das interfaces de leitura, interfaces homem/objeto de leitura”. Exemplo disso é o hipertexto, que já era utilizado no códice, sob a forma de comentários e notas laterais que contribuíam no sentido de agregar informações aos textos.
A mudança observada por Ribeiro(2005) nesse processo de ler e editar livros, consiste na velocidade e na agilidade com que se chega ao produto, o livro. A autora ressalta que “o computador surgiu, no séc.XX, para alterar parte dos processos e aumentar a velocidade e a eficiência dos trabalhos.” Assim, no lugar do códex impresso, portador de texto, surge uma “janela semelhante à televisão, de onde se pode mirar o texto, alterá-lo, copiá-lo, transferi-lo de lugar, sem, no entanto, ter acesso à sua materialidade, exceto se se considerar a tela como o suporte de um texto virtual, provável, possível ao toque de um botão (ctrl + p).”
Essa mudança no âmbito da escrita e seus suportes, assinala Ribeiro (2005), implica uma nova postura do leitor ante o texto. Agora, o leitor passa a ter também a opção de ler na tela do computador. E, esse leitor conseguirá aprimorar suas habilidades de ler/ compreender textos à medida que praticar a leitura, que ampliar o seu letramento digital. Dessa maneira, o leitor será capaz de reconhecer características do velho texto no novo objeto, “trata-se de uma questão de adequação ao novo suporte, ao novo objeto de ler, e o novo objeto vai sendo refinado e projetado de acordo com as demandas do leitor.
A autora conclui a sua pesquisa, propondo que embora possa assustar alguns leitores menos dispostos, essas inovações tecnológicas guardam características de suas predecessoras. Portanto, o leitor não precisa, necessariamente, começar do zero ao lidar com um novo recurso, uma nova tecnologia. Exemplo disso é o texto em tela que, semelhante ao livro, “pode ser paginado, mantém o desenho de uma folha, simula o formato das letras que são usadas nos impressos, assim como obedece a ferramentas de busca como índices e links”.
O texto de Ribeiro (2005) contribui para desmitificar afirmações pejorativas acerca da leitura e da escrita na tela. A pesquisa realizada pela autora contribui para mostrar que a leitura na tela, além de ampliar e aprimorar as habilidades de leitura, aumenta a velocidade com que a informação é disseminada.
REFERÊNCIA:
Obrigada! Gostei muito da resenha. :D
ResponderExcluirVocê poderia enviar esse artigo para meu email? vanessabento1@hotmail.com
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